domingo, 15 de novembro de 2009

A CONTRIBUIÇÃO DO PSICÓLOGO DO ESPORTE NOS PROJETOS SOCIAIS

Os projetos envolvendo esporte têm apresentado um crescimento. Segundo Rubio (2000), o esporte hoje é considerado um dos maiores fenômenos sociais da modernidade e por mais que seja um direito fundamental garantido pela Constituição Federal, seu acesso ainda é restrito, elitizado e pouco educativo para a formação da construção de indivíduos capazes de se relacionar de forma cidadã com o mundo que os cerca. Pois o esporte no Brasil reflete a situação do país de uma forma geral: que é marcada por injustiças, desigualdades e baixo investimento (MACHADO, 2007; SILVA, 2007).

A psicologia do esporte vai buscar formas de intervir junto a essa situação na construção de políticas públicas do esporte (que é de extrema importância e um campo carente no país), na gestão de projetos sociais esportivos e na capacitação e acompanhamento de educadores (op. cit.).

O psicólogo do esporte vai atuar em projetos sociais que utilizam o esporte como principal ferramenta no processo de educação para a cidadania na perspectiva de se formar uma nova sociedade. O profissional vai trabalhar com a subjetividade de cada criança buscando desenvolver noções de cooperação, mesmo em situações competitivas, disciplina, compromisso, trabalho em equipe, lidar com sensações de vitória e derrota, desenvolvimento psicomotor, além de um trabalho de orientação às famílias. Mas é necessário que haja um trabalho interdisciplinar para que se alcancem os resultados desejados (op. cit.).

Nesses programas, o esporte é articulado de ações educativas, com atividades que enfatizam a saúde, a arte e o apoio à escolarização. Vários projetos educativos interdisciplinares são apresentados às crianças visando à construção participativa orientada nos princípios da Educação pelo Esporte (op. cit.).

À parte social da Psicologia do Esporte, cabe fazer uma leitura crítica com a perspectiva de superar a visão simplista do esporte como via de ascensão social e formação de futuros atletas, pois o esporte surge como sendo a salvação para a pobreza e para marginalidade, e isso é um reflexo da propaganda ideológica veiculada pela mídia, associando o esporte a habilidade, dinheiro, fama e poder. Além disso, o que se tem notado em muitos projetos que envolvem esporte é que o foco é a especialização precoce, preparando crianças e adolescentes para a competição e visando a criação de talentos, sem grandes preocupações com aspectos afetivo-cognitivos que serão despertados por esta prática. Excluindo dessa forma os menos hábeis (op. cit.).

Cabe ao psicólogo do esporte mostrar que o esporte não tem apenas o caráter competitivo e especializado, o profissional tem a possibilidade de desenvolvê-lo como uma prática de cooperação e participação, permitindo, dessa maneira, o acesso aos poucos habilidosos, o que “poucos” muito habilidosos tem tido condição de usufruir (op. cit.).

Segundo Cagigal (1972), "o esporte será tanto mais educativo quanto mais conservar sua qualidade lúdica, sua espontaneidade seu poder de iniciativa" (p.42). Segundo Marques & Kuroda (2000) impregnar, ou não desvincular a prática esportiva do valor lúdico que o movimento tem para criança, pode ser o ponto de partida para a vivência prazerosa da criança com o esporte. (O lúdico faz parte da atividade humana e caracteriza-se por ser espontâneo, funcional e satisfatório. Na atividade lúdica não importa somente o resultado, mas a ação) (op. cit.).

As vivências no projeto esportivo demonstraram que esta intervenção educativa pode servir para as crianças como um ambiente promotor de saúde e das mais diversas habilidades, além de as manter longe das drogas e da violência. O esporte, principalmente a educação pelo esporte, pode agir transformando potenciais em competências para a vida daqueles que têm oportunidade de passarem por essa experiência (op. cit.).

Poucos psicólogos estão atuando nesses projetos, pois a maioria dos profissionais opta por trabalhar juntos aos esportes de alto rendimento e a Psicologia, enquanto profissão, ainda não possui esta como uma de suas bandeiras políticas. Então é de responsabilidade de nós futuros psicólogos, entrar nesse meio tão rico em possibilidades, mas carente de estudos aprofundados (op. cit.).

Com esse trabalho concluímos que é necessário principalmente um trabalho do psicólogo do esporte nas políticas públicas do esporte, que de início seria o tema deste trabalho, mas por ser uma área pouco explorada, o material para estudo é escasso. Esperamos que a área da Psicologia Social do Esporte ocupe o lugar que lhe é merecido, devido à sua grande importância (op. cit.).

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